Prefeitura Municipal de Juquitiba | HISTÓRIA
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HISTÓRIA

HISTÓRIA


Segundo historiadores, o Município de Juquitiba tem sua origem ligada a um aldeamento indígena surgido no século XVI que ficou à margem dos ciclos econômicos internos, que caracterizaram a economia política nos séculos XVII a XIX, e ainda do ciclo dos muares que ocorreu além da serra, nos caminhos que levavam ao Sul e às Minas Gerais, onde estavam as jazidas de ouro. O ciclo de açúcar não atingiu a serra, por esta ser muito fria e úmida; o ciclo do café, que projetou São Paulo na economia nacional, também não atingiu essa área pelos mesmos motivos climáticos, pois era um região submetida a constantes geadas.

 

Por volta de 1887, com os processos de colonização e povoamento com estrangeiros e migrantes, havia pequenos agrupamentos que se aventuraram pelas trilhas deixadas pelos índios, escravos e tropeiros, que se fixaram nas áreas onde hoje chamamos de Senhorinhas, Laranjeiras, Paiol do Meio, Centro e Aldeinha. Nesses locais, havia uma parada para descanso dos tropeiros, na subida da Serra de Iguape e Juquiá a São Paulo.

 

O povoamento do centro de Juquitiba teve origem com o casal Manoel Jesuíno Godinho e Francisca Maria da Penha, que doou uma área de sua propriedade para ser construída uma capela. Em torno desta começaram a surgir as primeiras residências. O vilarejo passou a denominar-se Capela Nova da Bella Vista do Juquiá, nome que perdurou até 27 de dezembro de 1907, quando foi alterado por meio da Lei nº 1.117, para Juquitiba (Y-CU-TIBA), que em Tupi-Guarani significa “Terra de muitas águas”, devido à presença de grandes mananciais.

 

O Sertão de Santo Amaro ou Freguesia de Santo Amaro (como era conhecido na época), área mais próxima à Capital São Paulo e Itapecerica da Serra, logo se urbanizou, pois passaram a fazer parte da região metropolitana.

 

O ponto mais distante da região sertaneja de Juquitiba, que cobre uma área, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 522 quilômetros quadrados, permaneceu, até meados da década de 1960, com uma única via de comunicação – essa estrada, construída manualmente com enxadas, foices, enxadões e carroças, foi considerada a mais moderna da época, se comparada com os antigos caminhos indígenas, conforme diversas pesquisas feitas com os pioneiros, colhidas pelos professores de Juquitiba, por ocasião do levantamento histórico do município para a construção do Plano Municipal de Educação.

 

Trechos de relatos de pioneiros:

 

“Para ir a São Lourenço, só pelo caminho de tropa, caminho de burro, que carregava palmito até Santo Amaro. De São Lourenço até Itapecerica vinha caminhão buscar os palmitos que a gente bardiava”. Por Paulino Lindório Pinto – nascido em 1924.

 

“Sempre morei nos Camargos, vinha a pé pelo caminho de tropa, que passavam animais e gente. Tinha que ir para a cidade comprar as coisas, às vezes, vinha até duas vezes por dia. Eu trabalhei em Itapecerica, em 1930, viajava a cada oito dias e trazia o dinheiro para o pai e a mãe. Viajava durante dois dias a pé para chegar lá”. Por Benedito Manoel Soares – nascido em 1917.

 

Em 1906, a Empresa de Colonização Sul-Paulista apresentou ao Governo de São Paulo um projeto para a construção de uma ferrovia, com o objetivo de ligar São Paulo ao Vale do Ribeira, que seria aprovado no ano seguinte por decreto governamental. O projeto da ferrovia fracassou, pois não se conseguiu captar recursos para a obra grandiosa, já que as atenções da Capital estavam voltadas para as novas ferrovias em direção aos Vales do Paraíba e do Paranapanema, onde as fazendas de café prosperavam.

 

A construção da Rodovia Federal BR-116, a partir de 1960, que atualmente liga São Paulo ao Sul do Brasil, modificou profundamente o sertão, pois as comunicações intensificaram-se. Assim, Juquitiba foi elevada à condição de município em 1964, depois, em 28 de março de 1965, tomaram posse seus primeiros governantes. Então, o município foi integrado à área da Grande São Paulo na década de 1970, pela Lei nº 14, de 8 de junho de 1973.

 

“Aqui em nossa cidade, mais precisamente na região onde hoje é o centro, só havia a igreja católica, que era uma capela, casas e havia um armazém que também comercializava além de laticínios, roupas e calçados, que pertencia ao sr. Abes Turco – pai do sr. Padur Abes – posteriormente, 1º prefeito de Juquitiba”. Por d. Porcina Dias de Jesus – nascida em 1926.

 

“Os costumes eram reunir-se para ir às festas de Santo Reis, nas festas de casamento e batizado”. [Um dos costumes que d. Porcina cita e acha engraçado é que os moradores dos bairros, ao redor de Juquitiba, vinham para missa e festas descalços, com os calçados embaixo do braço, e somente os colocavam depois de lavar os pés no Ribeirão, conservando-os sempre novos e vistosos.] Por d. Porcina Dias de Jesus – nascida em 1926.

 

“[…] tinha aguinha bonita, lá embaixo. Ninguém usava sapato, era muito caro. Quando morria, trazia o defunto nas costas”. Por d. Martilha Maria Soares – nascida em 1931.

 

Apesar de a área ser integrada à Grande São Paulo até aproximadamente 1967, predominavam as mesmas condições de vida sertaneja ligada à caça, à pesca e à criação de animais e pequenas roças.

 

Com a chegada da Rodovia Federal, o sertão foi lentamente desaparecendo, transformando-se em áreas suburbanas.

 

Durante aproximadamente um século, o único meio de comunicação entre Juquitiba e a cidade mais próxima, Itapecerica da Serra, resumia-se às precárias picadas de tropeiros; o que consumia de dois a três dias no percurso, em um só sentido. Os animais cargueiros caracterizavam a região.

 

Com a duplicação da Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), antigamente denominada BR-2, e a construção do Rodoanel Mário Covas, o acesso a São Paulo é possível em apenas 40 minutos, aproximando o centro de uma das maiores metrópoles do mundo ao “saudoso e bucólico Sertão de Juquitiba”, envolto pela Mata Atlântica, perscrutando silencioso os segredos, os medos, as bravuras, as esperanças, as conquistas e aguardando alternativas para os que aventuraram a ficar.

 

“Só tinha um ônibus que levava até Itapecerica da Serra, era tipo um micro-ônibus, que se chamava Jardineira, ia às seis horas da manhã e chegava lá às dez horas, duravam quatro horas de viagem para voltar, saia de lá às cinco horas da tarde e chegava às nove horas. Quando perdia o horário do ônibus, pegava carona nos caminhões que levavam carvão e toras para São Paulo”. Por Ignácio Soares – nascido em 1945.

 

Devido a presença de muitas águas, lagos, represas, cachoeiras (Represa Cachoeira do França e Fumaça), uma estação hidrelétrica que gera energia para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) foi construída, tal o potencial hídrico da região que aponta para uma nova fase da água, esta que já é o bem mais precioso da vida e que precisa ser cuidada e preservada de maneira sustentável.

 

“Pelo que eu me lembro, o rio não era poluído, ele ficou poluído depois que a população cresceu, então minha avós e as mulheres companheiras desciam no Rio São Lourenço para lavar roupa. Era um sofrimento, mas elas já se acostumavam. Para levar água para casa, elas faziam uma rodilha de pano na cabeça e levavam água num balde, e utilizavam para fazer comida, beber. Era bom tomar banho no rio, se ensaboava e já mergulhava. Era mais os homens, as mulheres tomavam banho em casa, de bacia”. Por Ignácio Soares – nascido em 1945.

 

“A água era muito limpa, caçava [sic], os peixes para comer e a água era bebida, não tinha sujeira”. Por Maria Ana Moreira – nascida em 1918.

 

“A luz era de lampião, nas casas, com querosene, e nas ruas era taquara de bambu cortada em canudo. A água era ‘bardiada’ do rio, era limpa e usada para cozinhar e beber, e para tomar banho no rio”. Por Benedito Manoel Soares – nascido em 1917.

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